domingo, 20 de fevereiro de 2011

A lição mais importante...

... que qualquer pessoa em qualquer actividade criativa (não só na escrita) pode alguma vez aprender é:


A importância de falhar é ignorada no nosso sistema educativo, focado em maximizar as boas notas e em evitar, a todo o custo, que o aluno chumbe nos exames e nos momentos de avaliação importantes. Isto pode ser legítimo numa actividade em que se trabalhe com factos ou dados concretos (seria idiota da minha parte incentivar falhanços na matemática ou na medicina), mas quando se trata de áreas criativas ou, até, na vida diária, falhar é importante. Criar nos jovens o medo de falhar é prepará-los para, à primeira dificuldade, perderem as estribeiras, lançarem os braços aos céus e gritarem um dramático "Não sou capaz!". Depois choram, e babam-se, e comem muito gelado, ou apanham uma bebedeira.

Aos criativos que me estão a ler: ouçam a rapariga. Ela tem razão.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A formação de uma imagem latente numa película fotográfica: uma história de amor (com iões)

Era uma vez um ião prata e um ião brometo. Viviam juntos num grão não exposto, muito tranquilo e com uma forma geometricamente interessante. Tinham uma relação estável e electronicamente equilibrada. Partilhavam um electrão, e abraçavam-se à sua volta com a carga eléctrica característica de quem se ama. Aquilo trazia-lhes uma estabilidade muito grande. Até compreendiam que havia átomos que preferiam viver sozinhos, neutros no que toca a relações amorosas; mas eles gostavam das coisas como estavam, e eram felizes.

Um belo dia cheio de sol, um fotão transportado à velocidade da radiação electromagnética chocou com eles na rua. Nem viram bem se era uma onda ou uma partícula, tal foi a rapidez e violência do embate: mas, de repente e sem aviso, o ião prata e o ião brometo estavam separados. Procuraram encontrar-se de novo, mas o electrão que os unia tinha desaparecido. E do fotão agressivo nem sinal; tinha chegado, embatendo com um grande nível de energia, e levado o electrão para longe!

Chocado com a separação brusca, o ião brometo procurou o electrão, mas sem êxito. Não havia sinal dele dentro do grão agora exposto; mas, quando pensava com sinceridade sobre o assunto, sentia-se agora tão estável e independente. Mudara de personalidade, transformara-se num ião menos carente e mais individualista. Foi ao registo civil, mudou o seu nome para Bromo (pareceu-lhe mais curto e moderno), e engendrou uma forma de dizer ao ião de prata que não queria mais nada com ele.

- Meu querido – disse o ião brometo ao ião prata – Não encontro o electrão que nos falta, e acho que ele se escapou deste grão. Cá para mim fugiu para o estrangeiro, pelo que vou atrás dele. Visitarei a Gelatina, que é já aqui ao lado, e procurarei incansavelmente pelo electrão que nos foi arrancado!

E assim se despediu, depois de afagar com carinho o núcleo do ião prata com a sua nuvem electrónica.

A chorar de solidão, o ião prata precipitou-se para o centro de sensibilidade, subitamente negativo e a precisar de algum apoio electrónico. Não admira: também o ião prata, agora sozinho e agora sem electrão, sentia-se com demasiados protões para o seu gosto e precisava de um ombro amigo onde se neutralizar. Iria até ao centro de sensibilidade reencontrar o seu equilíbrio electrónico, e esperaria o seu amor ião brometo até ao fim da era nuclear!

Chegando ao centro de sensibilidade, o ião prata deparou-se com o electrão desaparecido, encolhido e assustado, a precisar de um protão onde se apoiar para chorar as suas mágoas.

- Estás aqui! – surpreendeu-se o ião prata, abraçando o electrão e fazendo-lhe festinhas na carga negativa – O brometo disse que não te tinha encontrado e…

Subitamente, o ião prata compreendeu a verdade. Nunca mais voltaria a ver o ião brometo, que num excesso de egoísmo o abandonara com uma desculpa esfarrapada para fugir para o estrangeiro. Pois bem, que fosse feliz na Gelatina! O ião prata abraçou o electrão e levou-o para casa; e também ele foi ao registo civil. A partir desse dia, seria um átomo de prata. Simples, equilibrado, sentia-se um verdadeiro metal de transição entre a sua vida de ião e a sua vida de autonomia.

Alguns dias se passaram, até que o átomo de prata viu passar à sua janela (mudara-se para o centro de sensibilidade, onde sentia que chamaria mais a atenção) uma espectacular, fluida e interessante substância, que se revelou bastante bem educada.

- Bom dia, como vai isso?

O átomo de prata corou e agitou a nuvem electrónica, mostrando-se disponível.

- Você é extremamente atraente – disse-lhe a substância, revelando-se atrevida.

O átomo de prata convidou a substância para um café, e passaram uns bons momentos de intimidade; mas quando acordou na manhã seguinte, olhou pela janela e viu a substância a entrar no grão exposto, revelando enorme descaramento, e metendo-se com outros iões de prata, positivamente atrevidos. Sentiu-se usado, um simples catalisador; e decidiu manter-se quieto no seu centro de sensibilidade. Talvez um dia alguém olhasse para ele…

Quanto ao bromo, todo pimpão e convencido, levou a sua estabilidade para a Gelatina mas deu-se mal. Nunca mais encontrou nenhum ião de prata, aliás, nenhum ião de qualquer elemento, que quisesse alguma coisa com ele. Morreu sozinho e abandonado num país estranho, com saudades do ião que tinha sido e que já não era.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Top 5 desculpas dadas pelos concorrentes do Quem Quer Ser Milionário quando erram uma pergunta fácil

Esta não é a minha área
Eish, dei isto na escola mas foi no 5 ano, praí
Estou nervoso
Neste momento não me lembro
Não, sabe, é que li mal a pergunta…