Não sei se estão a seguir os Jogos Olímpicos. Há lá imensos
heróis portugueses, estes sim os Salvadores da Pátria e Representantes da
Lusitânia Além Fronteiras. O orgulho neles às vezes é automático, garantido,
injustificado e bacoco; mas por vezes temos razões para mentir que “temos orgulho
no nosso país”. Olhem, vejam o que aconteceu há bocado! A atleta Telma Santos,
praticante de ténis em slow motion, “fez história no badminton nacional”,
segundo um repórter que transmitia em directo uma entrevista com a menina.
Aparentemente (e é melhor sentarem-se, porque o triunfo que
vos vou descrever pode atingir os corações mais fracos) a atleta portuguesa
ganhou pela primeira vez qualquer jogo de badminton nos Jogos Olímpicos, algo
que nenhum outro praticante português da modalidade tinha conseguido anteriormente.
A miúda derrotou, a bem do país, a sua colega do Sri Lanka, que ao que consta
levou uma tareia.
Claro que este momento histórico é apenas um dos muitos
atingidos pela atleta portuguesa até agora. Por exemplo, é a primeira vez que
uma atleta chamada “Telma” vence uma jogadora do Sri Lanka, e é a primeira vez
que uma vencedora de um jogo de badminton dos Jogos Olímpicos cresceu em
Peniche.
Mas as consequências deste júbilo não acabam aqui. Hoje
fez-se também história no jornalismo nacional, já que é a primeira vez que um
jornalista (português, vejam bem!) intitulou uma notícia de “Telma Santos dá
primeira vitória ao badminton português”; e fez-se também história na
blogosfera nacional, já que é a primeira vez que um português escreve aqui no
Trajectória Aleatória que uma portuguesa venceu um jogo de badminton.
O próprio leitor poderá sentir um nervoso miudinho. Não
admira: hoje fez-se história na sua vida, já que é a primeira vez que está a
ler uma frase que começou com a palavra “Não” e termina com a palavra
“bagatela”.
Continuaremos a acompanhar as vitórias dos atletas portugueses.
Diz que Telma Santos, por agora ocupada com entrevistas, irá jogar contra uma
tailandesa qualquer, décima no ranking mundial (portanto, uma adversária lá no
topo). Se ganhar, Telma Santos voltará a fazer história; e se perder ou empatar
também. Até o pequeno almoço que Telma Santos tomar na manhã da confrontação
será simbólico para a história do badminton português: com que refeição se
alimentará a primeira atleta portuguesa a jogar badminton contra uma
tailandesa? Não vamos entrar em histeria: entretanto outros atletas portugueses
terão a oportunidade de fazer história umas sete ou oito vezes. Não se esqueçam
é de fazer história também e de os irem esperar ao aeroporto.
http://www.maisfutebol.iol.pt/noticias/telma-santos-jogos-olimpicos-badminton/1364842-2401.html
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