terça-feira, 17 de novembro de 2009

Óscar II, O Guerreiro

Composição escrita há já quase um ano, para a disciplina de Projecto e Tecnologia. O tema do ano era (vómito) "O País das Maravilhas Ao Quadrado". Daí surgiu a necessidade de escrevermos uma pequena história com o tema da fantasia e do mundo do maravilhoso, que serviria de base para uns quantos trabalhos. Cá está. Peço desculpa pela perda de tempo, mas tinha de contextualizar.


Óscar II, o Guerreiro, é o mais bravo e corajoso de todos os Reis da sua dinastia. Aliás, de entre todas as dinastias, de todas as Eras e de todos os Impérios do mundo.

Óscar II, o Guerreiro, é um espectáculo. Recebeu tal cognome pela sua performance na Batalha dos Mil Anos, onde decapitou mais de 100 bárbaros sanguinários com a sua espada mágica, sozinho e em pleno campo de batalha inimigo. É alto, musculado, atraente e forte. Não transpira. Não sente dor. Não sabe o que é a solidão.

Óscar II, o Guerreiro, vive num palácio absolutamente brutal, forrado a diamantes e repleto de armaduras e espadas antigas penduradas nas paredes. O seu quarto tem prata por todo o lado. A sua cama tem almofadas bordadas a outro, os seus lençóis são de linho importado, anti-alérgico. À porta do palácio há uma fonte com a altura de dois andares, esculpida em bolacha e de onde brotam centenas de litros do melhor chocolate quente. O salão de refeições apresenta um buffet permanente com cem sabores de gelado diferentes.

Óscar II, o Guerreiro, é infinitamente rico, mas o seu povo não é deixado ao abandono. Todos os habitantes do Reino recebem casas novas de seis em seis meses, decoradas por designers internacionais. Os impostos são inexistentes. A inflação é coisa do passado. Os hospitais estão totalmente equipados, e todas as consultas são grátis. Das escolas saem engenheiros, médicos e artistas. Ninguém se queixa, não há reclamações. E todos os dias, quando Óscar II desce da cama e vem à janela, o povo aplaude-o em êxtase e grita “Viva o Rei!”.

Neste momento, Óscar II passeia montado no seu dragão de estimação, um gigantesco lagarto alado de escamas barradas a titânio inoxidável e asas cobertas de espinhos. Desce as colinas, saltando riachos e florestas. Pelo caminho, cumprimenta os seus concidadãos com um aceno e um sorriso de dentes brilhantes. Vai até à Aldeia Cogumelo, onde as casas foram esculpidas dentro de gigantescos cogumelos. Passa pela Cidade da Luz, onde as casas orbitam à volta de um candeeiro arredondado. Visita a Montanha das Prateleiras, onde vivem sábios antigos e barbudos por entre as páginas de livros gigantescos, que fazem barulho ao fechar. Passa pelos Subterrâneos Proibidos, cavalgando por entre bolas de cotão. Sobe sem esforço para uma cadeira, depois para cima da secretária. De lá, avista o seu Reino infinito. A cama, os armários, a porta aberta com as letrinhas em madeira a dizerem “Quarto do Óscar” do lado de fora. Óscar II segura as rédeas do seu dragão e vira-se para trás. A janela. A gigantesca e rectangular janela. Do outro lado do vidro, as nuvens e os prédios em frente.

De súbito, sem que nada o explique ou justifique, surge ao seu lado uma segunda personagem: Gastão, o fiel escudeiro de Óscar II. Diz Gastão:

- Meu Rei, a janela! A gloriosa janela, que ilumina o nosso Reino! Nunca ninguém teve coragem para a atravessar!

- Pois então – respondeu Óscar II, segurando a sua espada mágica, na qual premiu o botão electrónico que lhe ilumina a lâmina – Eu, Óscar II, serei o primeiro a atravessar este perigo!

- Óscar! – chamou uma voz, que nasceu da porta aberta e ecoou pelo Reino – Óscar, vai lavar as mãos, vamos jantar!

- Já vou, mãe! – gritou Óscar II em resposta. Puxou as rédeas do seu dragão. Ele cuspiu fogo e abriu as asas violentamente.

- Meu Rei! – gritou Gastão, o fiel escudeiro.

- Óscar, anda lá! – gritou a mãe.

Mas Óscar II, o Guerreiro, não respondeu. Abriu a janela e voou corajosamente, montado no seu dragão.

.

Sem comentários: