terça-feira, 4 de maio de 2010

Eu Acredito (porque sim e porque sim e porque sim) e as crianças católicas

Cuidado: a aridez de raciocínio presente neste vídeo
pode provocar danos irreparáveis.

Hoje na Praça da Alegria foi apresentado um projecto chamado “Eu Acredito”, um movimento que se destina a acompanhar e festejar a visita do Papa Bento XVI. A própria vinda do Papa está já a encher os telejornais, mas hoje queria concentrar-me neste projecto particular.
Assim que liguei a televisão, uma visão assustadora. Um enorme coro de crianças pequenas cantava o hino do movimento erguendo as mãos ao ar e dizendo:
Na Fé O vejo: eu acredito!
Na igreja O escuto: eu acredito!
No Amor O toco: eu acredito!
Por isso eu digo: eu acredito!
De seguida a jovem responsável pelo coro falou com Jorge Gabriel, confessando que esta era uma forma de espalhar a sua fé que, hoje em dia, estava muito mal vista. “As pessoas parece que têm vergonha de dizer que têm fé”.
Ver todas aquelas crianças a cantar com tamanha alegria e convicção seria bonito e até comovente, não fosse o conteúdo da sua mensagem. Todas elas tinham entre cinco a oito anos, não mais, e duvido muito que alguma delas esteja em idade de sequer compreender e avaliar de forma crítica aquilo que estavam a dizer. Muito menos devem ter escolhido o catolicismo acima de qualquer outra religião por decisão própria, mas sim porque, na esmagadora maioria dos casos, é essa a religião dos seus pais. Apresentá-las então como “crianças cristãs” é errado. Tal como diz Richard Dawkins, não existem crianças democratas, crianças republicanas ou crianças comunistas; então porquê apelidá-las de “católicas”?
Quando, um dia, tiver um filho, tenciono ensinar-lhe como pensar, e não o quê. Tenciono educá-lo sobre todas as religiões, e sobre como muita gente não as tem. Tenciono dar-lhe os mecanismos de que precisa para ser ele a tomar uma decisão, e não eu a tomá-la por ele. Se calhar sou eu que estou enganado.
Aqui se apresenta uma das grandes vantagens que a religião tem como vírus social. Tudo o que é preciso é apanhar as crianças numa idade em que não reuniram as capacidades suficientes para sequer questionar ou avaliar aquilo que lhes dizem e põem a cantar; e, crescendo assim, torna-se “crença” óbvia e mais que comprovada. A letra diz tudo: “Eu acredito, eu acredito, eu acredito”; e basta.
Mas qual será então o problema de acreditar? Qual o problema de ter fé? E, principalmente, porque é que ter fé não é uma coisa boa? Não será uma virtude, acreditar em “algo superior”? O problema é que quando se “acredita” (ou, no caso de muitas crianças, se é educado a acreditar) a nossa forma de encarar e interagir com o mundo deixa de ser o mais objectiva possível, adoptando uma visão que se limita à nossa religião. Há uma razão para as pessoas “gozarem” com quem é católico hoje em dia, e a própria responsável pelo movimento Eu Acredito mostrou-o em directo e sem sequer se dar conta.
Jorge Gabriel perguntou-lhe qual a sua opinião sobre os recentes casos de pedofilia, e se não seria natural a desconfiança e dúvida sentida pelas pessoas em relação à Igreja Católica. A senhora balbuciou, saltitando de frase em frase até emergir com a sua mensagem principal: “Acho que os padres pedófilos deveriam ser afastados, mas não devemos confundir os assuntos do Homem com os assuntos de Deus. Se o Papa Bento XVI decidiu só falar agora sobre os casos e não muito antes, ele terá as suas razões que com certeza serão compreensíveis; e acho que as pessoas deveriam aprender mais sobre as coisas antes de começarem imediatamente a criticá-las”.
Que mulher ignorante! O Papa não “decidiu falar agora”; ele foi forçado pela opinião internacional a explicar porque raio é que os casos de pedofilia na igreja se multiplicavam como coelhos; e, principalmente, porque é que a sua assinatura foi parar a papéis que moviam padres de uma paróquia para a outra de modo a proteger a Igreja. Parece-me que quem devia aprender mais sobre o que diz não são os temíveis lobbies anti-igreja mas sim os próprios católicos, cuja sede de protecção os faz justificar até o mais hediondo dos crimes.
A racionalização feita por aquela mulher demonstra como o nosso pensamento pode ser alterado e moldado pelo pensamento religioso. Passam a justificar as acções do Papa e não são capazes de fazer a mais óbvia e importante de todas as perguntas: “E se eu estiver errado?”.
Talvez seja este o tipo de católico preguiçoso que impere em Portugal, e talvez por isso a separação do Estado e Igreja esteja tão fraquinha ultimamente. Faltam apenas alguns dias para a orgia espiritual que vai fechar a cidade a uma terça feira e fazer um Estado laico pagar milhões em segurança, infra-estruturas e tolerâncias de ponto. Entretanto, o aparente mão-de-obra de um dos maiores escândalos da Igreja Católica desde o tempo da Reforma vem a Portugal e será recebido com honras que nenhum outro chefe de estado alguma vez recebeu. Realmente, qual é o problema da religião?
Resta aos pobres católicos portugueses, a gozada e mal tratada minoria (como aliás se apresentam) demonstrar a sua Fé, que é íntima e pessoal com Jesus, a todos aqueles que, por serem ateus ou não-religiosos, não a querem ouvir.
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E já agora, porque tem que ver com este post e com o que disse sobre as crianças,

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8 comentários:

Alguem que quer esclarecer disse...

"e se eu estiver errado" parece-me a sua frase mais incoerente! Fez aquilo uma catapulta de insultos contra muita gente, e ainda manda (os insultados) perguntarem-se se estão errados?!
Deixe-me dar-lhe a minha opinião: se Pai é entregar-se ao filho; entregar a Vida ao filho. E a vida que um pai tem para dar, é a dele! Por isso é normal que os filhos sejam fruto dos pais (é assim que acontece até na natureza).
Sobre os miudos serem obrigados a acreditar parece-me que há aqui uma falha de cultura: faz parte dos sacramentos cristãos uma coisa chamada Crisma. Que quer dizer confirmação! Ora pois, uma criança cresce à imagem dos pais e, quando for mais velha e se realmente concordar, pode "confirmar" a sua fé! E por isso ninguem obriga ninguem! Mas enquanto se é criança, é suposto haver quem nos guie! (estes miudos andam num colegio catolico por escolha dos pais, por isso é normal que acontecam estas actividades!)

Quanto a o que diz acerca da pedofilia: também me parece que padece de informação correcta! Dou-lhe alguns exemplos:
1 - Segundo Massimo Introvigne, que cita um estudo de 2004 do John Jay College of Criminal Justice, foram 958 os padres acusados de pedofilia nos Estados Unidos, num período de 42 anos, tendo resultado a condenação de 54, aproximadamente um por ano. Se se tiver em conta que nesse mesmo lapso de tempo foram condenados pelo crime de pedofilia 6.000 professores de ginástica e treinadores desportivos, é necessário concluir que o principal alvo desta campanha mediática não é a pedofilia, que é apenas um pretexto, mas a Igreja e, mais especificamente, o Papa e o sacerdócio católico

2 - quando diz que a igreja foi agora obrigada a falar, pergunto-lhe se conhece estes documentos
:- a instrução Crimen sollicitacionis, de 1922 e que, em 1962, o Beato João XXIII reafirmou e na qual se esclarece a obrigação moral de denunciar estes casos;
- o Código de Direito Canónico, que reafirma a excomunhão automática, ou seja, a imediata expulsão da Igreja, do confessor que alicia o penitente, qualquer que seja a sua idade ou género, para um acto de natureza sexual;
- o Catecismo da Igreja Católica, que renova a condenação da pedofilia;
- e o documento De delictis gravioribus, de 2001, que regulamenta o Motu Proprio Sacramentum Sanctitatis tutela, do Papa João Paulo II que, para evitar qualquer local encobrimento destes delitos, atribui a necessária competência à Congregação para a Doutrina da Fé, então presidida pelo actual Papa.

3 - na Alemanha, segundo Andrea Tornielli foram notificados, desde 1995, 210.000 casos de delitos contra menores, mas apenas 94 desses casos diziam respeito a eclesiásticos, ou seja, um para cada dois mil envolvia algum sacerdote ou religioso católico. O inquérito Ryan, sobre a situação na Irlanda, é também esclarecedor porque, num universo de 1090 crimes cometidos contra menores em instituições educativas, os religiosos católicos acusados de abusos sexuais foram 23.

Não pretendo com isto, de todo, desculpar a Igreja. Mas pretendo, se se diz não ser manipulavel, mostrar-lhe como os media manipulam as noticias transmitidas

Renato Rocha disse...

Começo por esclarecê-lo, a si que me quer esclarecer: Não percebo onde insultei alguém, pelo que gostaria que me dissesse onde feri sentimentos. Se os feri, pediria desculpa se isso me preocupasse. Ninguém tem o direito de não ser ofendido. O seu discurso sobre Pais e Filhos foi tão agradável e coerente que nem o comentarei, uma vez que não retirei dele qualquer sentido. Veremos o resto:

Em relação às crianças não serem “obrigadas”: Com isso do Crisma está a dizer-me que uma criança que cresceu a ser educada a acreditar em algo pode voluntariamente confirmar que sim senhor, acredita naquilo? Isso parece-me a perfeita definição de “pensar por si só!”. Não ter referido o Crisma não é falta de cultura; é, sim, uma desculpa para dizer que os miúdos acreditam por decisão própria.
Em relação à sua ridícula comparação entre padres e professores de ginástica, apresento-lhe o mesmo raciocínio de forma diferente. Está comprovado por um estudo que, dos condenados por corrupção, apenas 2 por cento eram primeiros-ministro e 56 por cento usavam bigode. Isto significa que, se o primeiro-ministro for apanhado num escândalo de corrupção, o VERDADEIRO alvo da “campanha mediática” não deveria ser o pobre primeiro-ministro, mas sim todos os corruptos que usam bigode. Pois se são a maioria! Diz ainda que é “necessário concluir” que a Igreja é o alvo óbvio desta campanha mediática. Submeto que é também, da minha parte, necessário concluir que a sua burrice desafia os limites, e a sua objectividade deixa muito a desejar. Escrevi sobre porque é que é um escândalo a pedofilia na Igreja, e porque é que, por ser na Igreja, tem um tom especial de hipocrisia e maldade, por isso não me repetirei.

Em relação à sua lista de documentos sobre a Igreja e a Pedofilia, agradeço-lhe a fonte de informações. No entanto, a Congregação para a Doutrina da Fé, que cita pelo menos uma vez, é exactamente o organismo que, ao que consta, tratava dos silenciosos movimentos dos padres pedófilos de paróquia para paróquia.

O seu ponto 3 é outra tentativa do argumento “Mas pedófilos há imensos, não são só os padres”. Sugiro que releia os comentários antes de os publicar, especialmente quando a repetição é tão inútil para a conversa.

Terminando: é NOTÓRIO que não está a desculpar a Igreja. Claro, claro. E admito com modéstia que sou uma vítima da grande máquina malévola dos “Media”, esses malandros que gostam de nos manipular a todos. O que vale é que posso contar sempre com “alguém que quer esclarecer”. De facto, em quem é que vou acreditar primeiro? Na totalidade dos noticiários e comentadores mundiais, e nas provas e documentos que vão sendo publicados, ou num gajo/a que nem tem decência de assinar o comentário escrito num blog da Internet?

eslarecer = tornar claro! disse...

a arrogância com que se refere a igreja é para mim insultuosa! mas isso não o deve afectar grandemente uma vez que ainda ha pouco tempo escreveu um post de nome "mais um post que vai ofender muita gente"... não percebo o objectivo de "ofender muita gente"

As crianças podem ser obrigadas pelos pais a acreditar naquilo que estes acham melhor! No entanto, o crisma, enquanto sacramento de confirmação, serve para que aqueles que realmente (convictamente) acreditam, o confirmem! De todos os filhos de católicos que conheço, os crismados não devem passar dos 5%!

Quanto ao estudo que apresenta: se há 25 vezes mais pessoas de bigode que ministros a ser corruptos, parece-me que (embora esta factor bigode nao seja de grande relevância), havendo ataque, não deverá ser certamente contra uma minoria! digo eu... e era isso que lhe pretendia dizer: a pedofilia é um horror? sim! padres pedófilos é uma hipocrisia desumana? SIM! Mas se estes representam uma clara minoria da população de pedófilos, parece-me (até em termos de obtenção de resultados práticos) mais coerente e eficaz atacar a maioria dos pedófilos (que nao sao os padres!!)
"a sua burrice desafia limites" parece-me mais uma atitude de insultuosa que demontra uma falta de autoestima escondida por dentro duma capa de arrogancia!

Refere-se á Congregação da Doutrina da Fé como "ao que consta"... eu apresentei-lhe documentos reais, não em "consta que o boato nao sei que..."

Desculpar a igreja.. hmm.. a igreja, como deve facilmente constatar, é composta por pessoas! por isso é normal que erre! Nao percebo essa exigencia de que a igreja seja perfeita! Nao o é! Nem vai ser nunca! Agora há que reconhecer erros e, mais tarde ou mais cedo, a igreja reconhece-los e pede perdao (como aconteceu com a inquisição e situações semelhantes)

Quanto àquilo em que acredita: parece-me demasiado ingénuo acreditar no que dizem os jornais, só porque "os jornais dizem"... mas cada um acredita no que quer!

Com o meu comentario, pretendi apenas tentar transmitir lhe um outro ponto de vista, sem o querer impor! Nao pretendia que levasse a mal.. encontrei o seu blogue por acaso enquanto procurava a gravação dessa cena na praça da alegria. Vim aqui parar e quis, apenas, transmitir-lhe uma opinião sem preconceito de "o que vem da igreja está mal".. tentar ver as coisas com olhos puros sem querer sempre ver o mal, logo à partida.. isso seria ter um preconceito!

Renato Rocha disse...

Caro comentador:

Curioso que para si seja tudo sempre muito insultuoso! Não tenho o OBJECTIVO de ofender ninguém, mas sei quando o que vou dizer vai ofender ou não alguém.

Em relação à sua afirmação, “As crianças podem ser obrigadas pelos pais a acreditar naquilo que estes acham melhor!”… Se é assim que pensa, tudo bem. Para mim, é grotesca a ideia de que as crianças acreditam em algo porque os pais “acharam melhor”; especialmente quando não se trata de pequenas regras como tirar os sapatos quando se chega a casa, ou lavar as mãos antes do jantar… Trata-se de uma coisa que os acompanhará para toda a vida, e com a qual poderão tomar decisões distorcidas que afectem outras pessoas. Como disse no post, prefiro criar um filho ensinando-lhe COMO pensar, e não O QUÊ. Isto porque valorizo o pensamento livre, e a identidade que eles, mais tarde, quiserem assumir. São as minhas prioridades, que com certeza são diferentes das suas.

Em relação à sua referência ao meu estudo dos bigodes (a propósito, não sei se percebeu… era uma brincadeira) acabou de se colocar numa situação curiosa. Suponho que se o nosso Primeiro Ministro fosse acusado de corrupção, então, deixaria comentários em todos os blogs a defendê-lo, referindo-se a um ataque dos Media sublinhando a importância de falar de TODOS OS OUTROS corruptos mundiais, e não só do pobre Primeiro Ministro. Duvido muito que assim o fizesse a não ser que tivesse um interesse de maior em defender com unhas e dentes o Primeiro Ministro...

Diz ainda: “"a sua burrice desafia limites" parece-me mais uma atitude de insultuosa que demontra uma falta de autoestima escondida por dentro duma capa de arrogancia!”. Ora aí está, descobriu-me. Eu na verdade só estou a discutir consigo por causa da minha destrutiva falta de autoestima, para me manter ocupado e não ter de ir ao psicólogo ou chorar para dentro da banheira. Curioso como retira um profundo retrato psicológico de apenas alguns comentários escritos. Poderia retirar também informações generalizadas sobre si, só daquilo que me disse, e construir um retrato psicológico. Não o farei, porque não me parece relevante e porque o poderia “insultar”. E isso é que eu não quero.

Em relação à sua lamechas treta de “a Igreja é composta por pessoas, e as pessoas erram”. Isso é tudo muito cristão, mas no mundo real, quando as pessoas erram, PAGAM pelos seus erros. Os “boatos” que diz eu ter citado devem ser esclarecidos não com comunicações papais a dizer “Nós cá na Igreja somos mesmo muito contra a pedofilia, nem imaginam quanto!” (os únicos “documentos” que citou) mas sim com informações concretas e com uma investigação que permita transformar esses “boatos” em informações que podem ou não ser verdadeiras. A mim importa-me tanto que a Igreja “admita” os erros cometidos como me importa que um assassino admita um crime; deverá pagar pelo que fez.
Nota final: A igreja pede perdão pelo mal que faz, lá de vez em quando. Gostaria que investigasse sobre quando a Igreja pediu oficialmente desculpas pelo que fez ao cientista Galileu; vai ver que o sentido de timing católico não é o mais apurado.

AntonioCid Catolico disse...

Começo por dizer que o video que ai apresenta foi um video caseiro de icentivo à incrição de jovens Católicos ,ou seja, ninguem está a justificar a razão porque acredita pois o publico alvo não é a sociedade em geral. Quanto as crianças, estas não são realmente pessoas católicas apenas tiveram uma educação católica, o que penso que faça todo o sentido, para quem acredita claro...você vai educar o seu filho naquilo que acha que é melhor para ele, como qualquer bom e dedicado pai o fará, então se eu realmente acredito em algo e penso que os valores daquilo em que acredito é melhor para mim e para a sociedade, lógico que irei educar o meu filho assim, pois então não seria uma pessoa coerente. Ps: O Crisma não é para crianças, é para jovens ou adultos a partir do 10º ano, ano em que também se escolhe a area profissional. Uma educação católica não torna uma pessoa católica, e é algo que você consegue comprovar, pois é provavel que tenha uma Avó católica, ou algum amigo que tenha tido uma educação assim, e de momento não o seja...e não penso de todo como poderá uma educação assim fazer mal a cabeça de alguém e quando diz cabeça gostava que me explicasse melhor, pois os católicos são ensinados a serem verdadeiros e esforçados no trabalho, pessoas activas na sociedade com base na ajuda do próximo, etc. e se quiser misturar politica até lhe posso dizer que os partidos com as melhores ideias para o país são os de sua maioria católica.

AntonioCid Catolico disse...

Pedófilia - Não sou o maior apoiante do argumento dos professores de ginástica, nada desculpa o que os padres fizeram, e não devem ser apresentadas desculpas portanto. No entanto não me deixa de chocar e concordo que se tal acontece não percebo realmente porque só falam da igreja, porque na igreja só la anda quem quer, agora eu ser obrigado a por o meu filho a estudar, ou seja, ser obrigado a confiar nos professores, que são pessoas que querem ensinar e têm vocação para crianças, e haver pedofilia na escolas, parece-me também uma drama para as noticias. Nunca vi. Voltando a Igreja, o que acontece agora é um apanhado de casos desde a 50 anos atrás, até que a assinatura que fala foi enquanto cardeal e não agora papa, e na carta de Novembro de 1985 Raztinger diz que os argumentos para a remoção de Kiesle são muito poderosos, mas acrescenta que acções como essa necessitam de um exame muito cuidadoso e de mais tempo e não é ao facto de esconder ou não querer prender, mas de suspendê-lo. A mais recente acusação é de uma das crianças, agora adulto, que foi abusada pelo padre americano, diz ter mandado duas cartas ao Cardeal Ratzinger e não ter sido feito nada, agora digam-me lá, com a disparidade que há no número de acusações de padres pedófilos e número de culpados, o erro aqui para mim está mais nos que acusam sem ser verdade, é a tipica história do pedro e do lobo que todos conhecemos.

Mulher Ignorante - Não vi a Senhora na televisão mas penso que o que acontece é perfeitamente natural, é uma confiança demostrada na igreja, é como um amigo, nós iremos sempre tender a confiar num amigo por isso não acho que seja discutivel, é normal do ser humano racional ou irracionalmente.

Gastos da Vinda do papa - O Estado apenas irá pagar o trasporte e a segurança. A segurança apenas serve para que pessoas contra o Papa não tentem nada, ou seja, não me parece ser culpa dos católicos, trasporte não é assim tão dramático quanto isso, e o valor de milhões não me parece adequado. Fora isto, é verdade que é um estado laico, mas isso não o impede de ajudar a Igreja, apenas se não fosse laico é que apoiaria apenas 1 religião, sendo assim pode apoiar todas, até porque o estado funciona para garantir o bem-estar da população e se um grande número de cidadãos gostava de ter cá o papa faz todo o sentido que o estado apoie. Há muitos casos em que o estado também apoia e nem toda a gente concorda, deveria estar mais preocupado com os mihlões, ai sim, que o estado gastou em estádios que ainda agora dão milhares de prejuizos. Acredite que os gastos que o estado vai ter para o número de pessoas, não vai chegar ao 1e por pessoa.

Cumprimentos

Renato Rocha disse...

Caro António:
Em relação à questão das crianças, reitero que encontro mais importância em ensinar COMO pensar e não O QUÊ. Se achar que a sua religião é o ideal para o seu filho, claro que não o posso impedir de educar o seu filho na fé cristã; no entanto, acho que seria mais interessante ensinar-lhe os valores que refere não por causa da religião, mas pela sua utilidade prática. Todos os valores católicos que referiu (ajuda ao próximo, esforço no trabalho, ser verdadeiro) tenho-os eu, que sou ateu e nunca fui educado em nenhuma religião. Uma coisa é a existência de Deus, e outra são valores que de facto são importantes para as crianças e que são INDEPENDENTES da crença em Deus; educar a criança na crença em Deus com o pretexto dos valores que essa crença lhe trás é incentivá-los a acreditar em algo que eles próprios poderão vir a acreditar (ou não) mais tarde, quando tiverem idade para realmente compreender sequer o conceito de Deus e seus significados.
Acredito, no entanto, que há partes da educação católica que são terríficas para ensinar a uma criança. A simples ideia de que através de um sacrifício humano de um inocente todos os pecados serão perdoados sempre me pareceu (desde pequeno) grotesca e difícil de engolir.
Em relação à sua estranha comparação entre política e catolicismo, desafio-o a relacionar de forma lógica as “boas ideias para o país” com o catolicismo. Suponho estar a referir-se ao CDS, por exemplo, cujas posições em relação à economia, finanças e trabalho são não só partilhadas por mim, como INDEPENDENTES da religião que os seus deputados possam ter.
Em relação ao Crisma, a minha objecção mantém-se. É basicamente uma forma de um jovem sublinhar a sua fé quando essa fé pode não ser tão pessoal e sincera como pode parecer; basta que seja o resultado de anos de educação parental.

(continua)

Renato Rocha disse...

Em relação à pedofilia, começa por dizer que não é grande apoiante do argumento dos professores de ginástica, para algumas linhas depois o voltar a repetir. No entanto, dou-lhe um exemplo com certeza seu conhecido, já que não o recorda quando escreve “Nunca vi (notícias sobre professores pedófilos). O Processo Casa Pia é um exemplo de como a posição de poder dentro de uma escola (tal como a posição de poder dentro de uma Igreja) pode ser usada para os mais aterrorizadores fins; e no entanto não acredito que me vá dizer que aqueles são apenas casos pontuais, e que há muito mais pedófilos por aí que não chegam às notícias e que por isso o escândalo à volta da Casa Pia é desmesurado.
Em relação às cartas do na altura cardeal Ratzinger, está a dizer-me que ele decidiu que determinados casos necessitavam de um “exame” mais aprofundado. Cabe na cabeça de ninguém tamanho egocentrismo? Porque não denunciar o caso directamente às autoridades, como qualquer cidadão faria quando na presença de suspeitas? Porquê achar que suspender o padre em questão seria suficiente justiça? E pior, quantas vezes se terá repetido este julgamento? Trata-se de esconder das autoridades competentes crimes de abuso sexual, por mais que se baseassem em suspeitas; e isso é criminoso.
Em relação ao que diz sobre “confiar na Igreja como quem confia num amigo”, é esse mesmo o perigo de que falo em alguns posts. A partir do momento em que tomamos decisões baseando-se na nossa afinidade com uma organização e seus ideais e não com a razão, estamos a um passo de tomar decisões que podem estar erradas. Igreja ou não, amigo ou não, defendo que “confiar” deve ser algo que vem de bons resultados nessa relação, e não de uma afinidade apenas.
Em relação ao Estado Laico, sugiro que faça uma pesquisa sobre o que significa “separação Estado-Igreja”. Verá que tal sistema impede o Estado de apoiar QUALQUER religião. Dinheiro público não pode ser utilizado para beneficiar qualquer tipo de ordem religiosa, nem que seja um euro por pessoa (valor que refere no seu comentário). Pouco importa se a maioria das pessoas é católica; o princípio do estado laico está lá não para apoiar a maioria, mas para evitar que a MINORIA pague pela religião da maioria.
Em relação aos estádios de futebol, estamos totalmente de acordo!

Cumprimentos