sexta-feira, 23 de julho de 2010

Como o Feira Nova está a destruir as Famílias de todos nós

A Igreja Católica já veio opinar sobre outro assunto a que não lhe diz respeito com argumentos parvos que não consegue justificar, como aliás é sua tradição. Numa conferência de imprensa, o representante da Conferência Episcopal veio informar-nos de que a abertura dos hipermercados e centros comerciais aos domingos é muito negativa, porque afasta as pessoas do que é "realmente importante": o convívio com a família. Disse ainda que, com a abertura dos centros comerciais e hipermercados aos domingos, a população será "empurrada" ao consumo mais desinibido, e por isso afastada dos valores familiares.

Como a Igreja trata a população como uma massa de mortos-vivos sem personalidade, não é de admirar que achem que toda a gente vai começar a fazer mais compras nos centros comerciais e nos hipermercados porque se sentem "empurradas" pelo terrível e herético novo horário de funcionamento. E, aliás, o porquê de os novos horários de funcionamento dos supermercados ser um factor inegável na destruição dos valores familiares é um absoluto mistério que a Igreja não explica (se calhar é muito óbvio, e só o facto de não o compreender é a demonstração de como as minhas idas consumistas ao Pingo Doce me transformaram completamente). Tenho a certeza que as boas famílias católicas portuguesas, preocupadas como estão com o que é "realmente importante", deixam de fazer compras no Continente ou no Colombo porque sabem as tamanhas consequências destrutivas que isso traria ao frágil equilíbrio da sua família. Prova disso é só as famílias destruídas é que vão às compras nos grandes centros comerciais.

A Igreja diz sempre a mesma coisa, numa reciclagem do que sempre foi a sua dogmática forma de impingir a sua forma de pensar aos outros: que há algo dentro das ideias ou inovações modernas que destrói a família e aquilo que é de mais fundamental na sociedade. Assim, vão repetindo a ladainha, quer acusando o casamento homossexual ou os hipermercados nacionais. Amanhã será outra coisa qualquer a destruidora dos grandiosos valores familiares, resta esperar para ver qual é. Claro que todos temos o direito de expressar uma opinião, mas a Igreja sente a necessidade (e, infelizmente, obtém tempo de antena suficiente) de mandar vir com tudo o que a sua muito limitada interpretação de valores morais e familiares não consegue compreender e incluir, mesmo sendo incapaz de apontar os factores negativos da inovação que pretendem criticar.

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