Dois amigos estavam a beber café e um deles explicava ao
outro o poder que o seu chefe tinha na empresa. Quem mandava naquilo não eram
os trabalhadores, muito menos a legislação laboral; o tipo fazia o que queria.
Um terceiro amigo chegou, explicando que conhecia o patrão do outro. Era um
pãozinho sem sal; tinha era conhecimentos no Ministério.
Um quarto amigo aproximou-se
e esclareceu que no Ministério não mandava ninguém senão o Ministro, um tipo de
passado obscuro e sempre acusado disto e daquilo.
Um quinto companheiro chegou
entretanto e, com um sorriso, acusou todos os outros de ingenuidade: o Ministro
era apenas um peão numa complexa teia de influência que chegava até aos mais
altos cargos de quatro empresas privadas.
Um sexto amigo, de cerveja na mão, lembrou
que essas quatro empresas não possuíam por si só qualquer poder ou autonomia;
eram todas elas propriedade de uma multinacional.
Um sétimo amigo recordou um
livro que lera há pouco tempo: a multinacional de que falavam sem conhecimento
de causa era na verdade apenas uma das subsidiarias de um banco de
investimentos imensamente poderoso, com sucursais em todos os países e mais
alguns, e que movia grande parte do dinheiro mundial: toda a gente sabia disso.
Um oitavo amigo riu-se; não sabiam os seus companheiros que esse banco era
inócuo? Tratava-se apenas de um dos tentáculos de uma seita secreta à qual
pertenciam apenas os mais influentes homens do mundo.
Um nono amigo resolveu
entrar na conversa, que aliás considerava disparatada; essa seita secreta não
era secreta já que todos a conheciam. Na verdade, tratava-se de uma cortina de
fumo para um grupo de interesses enraizado em todos os governos, jornais, televisões e sistemas
económicos mundiais, controlados por indivíduos que ninguém conhecia e com desconhecidas formas de actuar, aliás impossíveis de registar exactamente por serem secretas.
Um décimo
amigo levantou a voz, orgulhoso, e interrompeu todos os outros: não saberiam
eles que tudo isso era uma fantochada? Os verdadeiros donos do mundo eram uma
espécie de répteis alienígenas, aliás responsáveis pelas pirâmides, pela Ilha
de Páscoa e pela Muralha da China, que conduziam os destinos humanos desde os
primórdios da História.
Os outros nove amigos riram a bom rir: aquele parvo
sempre tivera a mania das conspirações.
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