domingo, 28 de março de 2010

Os argumentos para a existência de Deus

Depois de ver um debate bastante interessante entre quatro cristãos e um ateu, retive um pormenor interessante. Os cristãos falaram de uma enorme quantidade de argumentos para a existência de Deus, que são não só argumentos extremamente atraentes como, à primeira vista, razoavelmente pensados.

O argumento da causa primordial, que defende que deverá haver uma causa primordial para a existência do Universo, e que essa causa será Deus. O argumento do design inteligente, que nos diz que os seres vivos e o Universo são tão complexos e bem organizados que esta organização só pode ser explicada com a existência de um Deus que a tenha supervisionado. O argumento da moralidade, que defende que se há um código moral é por causa da existência de Deus e porque esse Deus nos ensina e transmite esse mesmo código moral, sem o qual é impossível construir sequer a noção de Bom e Mau. O argumento da contingência, segundo o qual se diz que a razão porque existe qualquer coisa ao invés de não existir nada é Deus. O argumento transcendental, que defende que se há absolutos lógicos (regras lógicas que são verdade independentemente do sítio no Universo onde nos encontramos, ex: a lei da identidade, segundo a qual algo é “A” ou “não A”, sendo estas as únicas possibilidades), e se estes absolutos lógicos são conceptuais e verdadeiros em todo o Universo, deve haver uma mente infinita que os tenha definido previamente, e essa mente é Deus.

Este tipo de argumentos, maioritariamente filosóficos, caem em diversas falácias lógicas (por exemplo, se o argumento da causa primordial nos diz que algo teve de criar o Universo porque este não pode existir desde sempre, e que essa primeira causa é Deus, então de onde apareceu Deus?); mas uma das maneiras mais rápidas de perceber a falta de utilidade destes argumentos ao tentar provar que determinado Deus existe é a seguinte. Experimentem reler o parágrafo anterior, substituindo cada referência a “Deus” por “uma equipa de goblins infinitamente poderosos”.

Reparam agora como todos estes argumentos não perdem a sua lógica. Com isto acabei de provar, conclusiva e cientificamente, a existência de uma equipa omnipotente de goblins exteriores ao nosso Universo.

E vós, queridos leitores? Conseguirão provar também, com estes argumentos para a existência de Deus, a vossa criatura mitológica imaginária? Haverá um prémio monetário para aquele que o conseguir fazer com maior criatividade.

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