Nada me irrita mais do que chegar a uma livraria e encontrar o único ou os poucos exemplares do livro que quero comprar com marcas de dedadas, páginas dobradas ou manchadas, e as lombadas cheias daqueles vincos característicos do manuseamento de todos os selvagens que gostam de ler livros inteiros na Fnac sem qualquer cuidado ou respeito por quem vem a seguir para os comprar.
Tenho consciência da minha parcial hipocrisia. Também eu já li um livro na Fnac, e com todo o gosto. Mas atenção: com todo o gosto, e com todo o cuidado para não o vincar, dobrar, rasgar ou marcar de nenhuma forma. Não sei como funciona a mente desta nova geração que, afogada em bookcrossings e livrarias como a Fnac, retiram prazer de ver os livros todos porcos e manuseados. Eu ainda sou daquelas pessoas que gosta de comprar o livro novinho em folha, mesmo que depois o vá estragar eu próprio, simplesmente porque estou a dar dinheiro por um produto que se quer em condições. Mesmo que depois de lidos e manuseados os meus livros apresentem provas inegáveis de todas as horas de leitura em casa, no metro ou na rua, sou EU quem faz o que quer com o MEU livro, não com um livro que leio de forma gratuita e porque a política liberal da livraria que frequento o permite. Mais; um observador atento irá reparar que a maioria dos livros de que falo, e que aparecem vincados e manuseados nas prateleiras da Fnac, são na sua maioria aqueles paperbacks baratíssimos.
Um conselho: em vez de ficarem uma manhã inteira a ler grátis numa livraria e a utilizar os livros que mais tarde serão de outros como se de prostitutas se tratassem, arranjem um emprego para poderem pagar os 8 ou 9 euros (fortuna) que a vossa leitura custará. E para quem me acusa de ser um capitalista execrável e defende a geração de pessoas que gosta e quer ler mas não tem dinheiro para comprar livros, relembro-vos que existem há já alguns anitos umas coisas chamadas bibliotecas, que existem ESPECIFICAMENTE para podermos ir buscar livros gratuitamente e lê-los não numa sala comum mas no conforto de nossas casas.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário