quarta-feira, 31 de março de 2010

A Conspiração Gay lança mais um ataque violento aos pobres e inocentes padres pedófilos

O Bispo de Beja, um pequeno monstrinho chamado António Dantas, acusou os “lobbies anti-igreja” de serem os responsáveis por uma campanha de descredibilização.
"Sabemos que existem vários lobbies, uns ocultos e outros mais claros, que usam a comunicação social porque querem descredibilizar aqueles que lhes fazem sombra", disse, em declarações à agência Lusa.
O bispo de Beja identificou ainda, como um dos "lobbies de poderes anti-igreja", os homossexuais: "Não é o único, mas o lobbie dos gays, apesar de representar uma minoria, tem muita força e não tenta defender a sua causa, apenas denegrir os outros".
Claro, claro; foi a Conspiraçção Gay que colocou todos os miúdos que foram violados nas últimas décadas nas dioceses dos pobres e inocentes padres, para os seduzir e levar para maus caminhos.
O ódio da igreja pelos homossexuais passou de uma simples aversão injustificada para mania da perseguição. Acusar “os lobbies anti-igreja” (quem serão? António Dantas não o revela) e, em específico, os homossexuais, de denegrir a imagem da igreja é irónico, vindo de um representante de uma organização que, durante a discussão sobre o casamento homossexual, tantas vezes declarou que os homossexuais não eram naturais, e que a sua união não merece o mesmo tratamento que qualquer outro casamento. Quem está a denegrir a imagem de quem? A meu ver, é a Igreja se denegriu a sua própria imagem, ao permitir que todos estes abusos fossem abafados e escondidos durante tanto tempo.
Isto, claro, se considerarmos que “descredibilizar” é acusar a Igreja de irresponsabilidade e crime quando milhares de casos aparecem todos os dias, alguns deles, sabe-se, tendo sido desviados cirurgicamente da atenção do mundo exterior.
Não, Senhor Bispo. Ignorando a homofobia e o ódio gratuito que as suas palavras deixam transparecer, quem quer que sejam os lobbies de que fala estão a fazer o seu trabalho; aliás, o trabalho de qualquer pessoa realmente honesta e preocupada com os outros: denunciar e levar à justiça (nã às vossas “terapias”, ou para outras congregações) os responsáveis por tamanhas atrocidades.
"Por isso os católicos portugueses devem preparar-se para acolher com alegria" a visita do Papa Bento XVI, que se desloca a Portugal entre 11 e 14 de maio, "abafando as vozes discordantes e contestatárias com a oração, o canto e a festa".
Não, Senhor Bispo. Os católicos portugueses deviam era parar para pensar por si próprios. Será realmente moral e aceitável receber com honras e bandeirinhas o representante de uma instituição com os pés tão metidos na poça? Será aceitável receber com tamanha pompa e circunstância um homem que, é sabido, esteve pessoalmente envolvido em ocultar padres pedófilos?
Suponho que abafar as vozes discordantes sem as ouvir ou tentar compreender é a melhor forma que a Igreja encontrou, desde tempos imemoriais, para lidar com as situações mais bicudas. Acontece que o mundo avançou, as fogueiras já não pegam, e as pessoas começam cada vez mais a ouvir quem discorda de vós religiosos e a desenvolver uma estranha e irritante capacidade: pensamento livre, ao perceber que vocês não têm nem o poder com que modestamente se vestem, muito menos razão para dizer tais barbaridades.
Portanto, a todos os católicos portugueses: “Calem-se, tapem os ouvidos quando alguém vos disser mal do Nosso Santo Padre, e ignorem uma coisa chamada realidade”.

(notícia original em: http://www.destak.pt/artigo/58824 )
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4 comentários:

Tiago Santos disse...

Eu não sou católico, nem tenho nada com o Papa. Pessoalmente, discordo da grande atenção que lhe é dada e de toda a pomposidade com que se apresenta. Mas ouve...


"Suponho que abafar as vozes discordantes sem as ouvir ou tentar compreender é a melhor forma que a Igreja encontrou, desde tempos imemoriais, para lidar com as situações mais bicudas. Acontece que o mundo avançou, as fogueiras já não pegam, e as pessoas começam cada vez mais a ouvir quem discorda de vós religiosos e a desenvolver uma estranha e irritante capacidade: pensamento livre, ao perceber que vocês não têm nem o poder com que modestamente se vestem, muito menos razão para dizer tais barbaridades."

Portanto, a todos os católicos portugueses: “Calem-se, tapem os ouvidos quando alguém vos disser mal do Nosso Santo Padre, e ignorem uma coisa chamada realidade”.

Ouvir e compreender são palavras que tu igualmente não usas nos teus comentários. De novo, sou Cristão mas não Católico, mas a verdade é que, apesar de discordar de toda a atenção que lhe é dada, acho que a menos que tenhas algum objectivo bom e justo devias ter cuidado com o tom acusatório com que lidas com as crenças dos outros... Tal como eu não chamaria de estúpido ao "doente verde" em que o José acredita. (neste caso estou a defender o pobre do Papa que se calhar tem o coração cheio de boas intenções e a tentar lidar com tudo isto que alguns maus exemplos têm dado)

Renato Rocha disse...

Ao fazer estas críticas eu tenho um "objectivo bom e justo": chamar a atenção para um caso muito volumoso de pedofilia; independentemente de ser na Igreja ou não. Não tenho qualquer razão para acusar ninguém de nada, a não ser que façam alguma coisa estúpida e errada como esta. Não deixa de ser irónico quando uma entidade tão moralmente "intocável" como deveria ser a Igreja estar envolvida numa coisa destas.

Neste caso não estou a analisar a crença de ninguém. Não tratei ninguém de estúpido pelas suas crenças, mas sim pelos seus ACTOS; que é aquilo que importa. Por mais louca que seja uma crença, o teu direito de a ter é sagrado; o importante é o que fazes com ela, e a forma como a TUA crença afecta as pessoas que não partilham dessas superstições.

Quando aqui falo em pensamento livre trata-se não das crenças dos fiéis e da forma como as encaram, mas do que este Bispo em específico está a aconselhar, que é "tapem os ouvidos a tudo o que seja contrário ao que NÓS vos dizemos". Independentemente das crenças católicas serem verdadeiras, este é um MAU conselho. Trata-se do exemplo mais flagrante de como a religião é um processo eficiente quando tentamos abrir barreiras e construir muros entre pessoas.

Os católicos devem não ouvir e seguir cegamente os líderes religiosos mas sim ouvir as vozes que deles discordam, e apurar os factos; uma vez que, neste caso, os líderes religiosos NÃO têm razão.O Papa já foi envolvido pessoalmente no escândalo e há milhares de vítimas à espera de justiça. Duvido que ele esteja cheio de boas intenções; e se te informasses mais sobre a situação de certo ias duvidar comigo.

Suponho que para ti levar uma série de pedófilos à justiça não paresse um "objectivo bom e justo", porque se trata de acusar alguém do crime que cometeu?

Paulo39 disse...

Eu não sou crente em nenhuma religião, mas na minha opinião, as notícias que têm saído ultimamente são um aproveitamento mediático dos média.

Dentro do universo de pedófilos, os padres são uma percentagem bem pequena deles.

Atenção, não quero com isto dizer que desaprovo a condenação dos padres, antes pelo contrário, aprovo um condenação exemplar a qualquer pedófilo.

No entanto, penso também que tu, Renato, aproveitas esta situação para atacar a instituição em si, o que para mim não faz sentido.
A culpa é dos indivíduos que cometeram o crime, não da instituição que é a Igreja e muito menos da religião.

"...quando milhares de casos aparecem todos os dias,..."
Andas a exagerar um pouquinho, não?
De qualquer das formas é irrelevante, seja 1 ou 1000, tem de se acabar definitivamente com isso.

Isto tudo para dizer que não interessa se é o padre ou o padeiro que são pedófilos, interessa é colocá-los na prisão.

Era bom que todas as pessoas (e lobbies) que atacam a Igreja por variados motivos, canalizassem a sua energia para prestar apoio às vítimas e denunciar os "predadores", sejam eles padres ou não.

Renato Rocha disse...

Eu sei que posso parecer convencido, mas Paulo, estás totalmente errado.


"as notícias que têm saído ultimamente são um aproveitamento mediático dos média (…) Dentro do universo de pedófilos, os padres são uma percentagem bem pequena deles."


Isso é como dizeres que, se o Primeiro Ministro é apanhado a roubar, a cobertura dos media seria um exagero porque o Primeiro Ministro é “uma percentagem bem pequena dos ladrões”. É exactamente por serem PADRES, e por serem membros de uma Igreja que não só é responsável pela educação de milhões de crianças em todo o mundo como por um código moral que querem impingir a toda a gente, que estes casos devem ser “aproveitados” pelos media. É gravíssimo.

Ao contrário do que possas pensar, não é igual teres um padre ou um padeiro pedófilo. Um padeiro não tem uma série de crianças a seu cargo. Um padeiro não abusa do seu estatuto social e da confiança em si posta pelos pais e familiares das crianças. Um padeiro não é tido, nem se auto-proclama, como representante de um Deus ou de uma moral superior aos homens. Um padeiro não tem atrás de si uma hierarquia preparada e comprovadamente participativa no encobrimento destes casos. Um padeiro não é mudado de paderia em paderia quando os seus patrões descobrem que está a violar meninos.

Eu não “aproveito” para atacar a instituição; a instituição, a Igreja, já fez todo o meu trabalho por mim. Como é possível NÃO descredibilizar esta instituição, quando tamanha quantidade dos seus membros são acusados, quando as suas altas hierarquias parecem ter sido participativas no encobrimento de crimes, e quando o seu líder máximo ignorou pessoalmente as acusações de pedofilia a um dos padres sob a sua responsabilidade?
Sim, a instituição deve ser “atacada”. Deve apresentar não comunicações a dizer o quanto não gosta lá muito destes “pecados”, mas sim cooperar com as autoridades, indemnizar as vítimas e apresentar desculpas a todo o mundo católico e não só por todo o mal provocado.

A razão pela qual se “ataca” a Igreja é porque mais cedo ou mais tarde as pessoas vão começar a perceber que a sua “autoridade está mais do desacreditada, e é importante retirar a estas personagens a aura de superioridade com que se pavoneiam. Utilizar o seu estatuto e o apoio óbvio das massas em letargia intelectual desta forma é criminoso, e deve ser criticado.