quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Eu faço greve porque posso, e tu fazes greve porque eu quero fazer greve. Vivam os direitos dos trabalhadores!

E aqui estou, em casa, quando devia estar na escola a trabalhar. A escola está aberta (penso eu), mas os meus professores avisaram logo que iam fazer greve e que por isso não teríamos aulas. Estão no seu direito. O seu direito inclui, é lógico, prejudicar o calendário das aulas e os trabalhos que estamos a desenvolver. É menos uma aula que eu e os meus colegas temos para terminar trabalhos que por si só já estão atrasados. Mas é um direito, e acabou-se. Eu percebo perfeitamente que o seu direito de se baldar às aulas e ficar em casa a descansar o intelecto está muito acima na sua lista de prioridades da sua obrigação primordial, que é educar-nos. E ainda bem que temos professores que lutam pelos seus direitos. Eu não quero professores que me dêem aulas, quero é pessoas que saibam reclamar de uma forma que mais ninguém senão eles e os alunos, os prejudicados, sentirão.

Não serei o único. Há muita gente que, graças ao altruísmo de quem faz greve, não pode apanhar o comboio, o metro ou o autocarro para ir trabalhar. O país pagará, em milhões, a imobilização de milhares de pessoas. Mas os sindicatos não querem saber.

Isto percebe-se, claro, nem que seja por um facto inegável: as greves resultam. Não só resultam, como foi graças a greves como esta que as grandes mudanças de política na História foram conseguidas. Veja-se a Revolução Francesa, ou o 25 de Abril. É claríssimo que, amanhã, todos os governantes e partidos da oposição se vergarão à vontade popular. “Caramba”, dirão eles, “Os trabalhadores têm razão. Vou agora comover-me durante alguns minutos, chorar, pedir desculpas públicas, e depois reverter todas as decisões tomadas neste Orçamento de Estado. E à tardinha vou para a rua, distribuir dinheiro”.

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