domingo, 31 de julho de 2011
Samora 33
sexta-feira, 29 de julho de 2011
A minha felicidade é maior que a tua
Samora 32
quarta-feira, 27 de julho de 2011
Cento e quatro
Toda a História da Cultura e da Arte (pelo menos do ponto de vista elitista, europeu e altamente selectivo do programa de História e Cultura das Artes)
Samora 31
segunda-feira, 25 de julho de 2011
Duzentos e dezasseis
domingo, 24 de julho de 2011
Consultório do Dr. Augusto Millay 3
A definição de redundância
Samora 30
Dezassete
Dezoito
sábado, 23 de julho de 2011
Samora 29
segunda-feira, 18 de julho de 2011
Samora 28
sábado, 16 de julho de 2011
Samora 27
Samora 26
quinta-feira, 14 de julho de 2011
Um dia importante
quarta-feira, 13 de julho de 2011
A tia
Consultório do Dr. Augusto Millay 2
Samora 25
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Samora 24
Samora 23
Consultório do Dr. Augusto Millay
sexta-feira, 8 de julho de 2011
Samora 22
Os portugueses são idiotas?
domingo, 3 de julho de 2011
To Kill a Cockroach 2
To Kill a Cockroach
- Oi. Tudo? E depois desapareceu por baixo de um móvel.
Entrei em contacto com a minha mãe e com uma amiga que, ao que consegui apurar, é semi-especialista em baratas por lhes ter um pavor medonho. Uma daquelas heroínas que tem secretamente medo do seu arqui-inimigo. Coisa poderosa. Disseram-me:
- Era uma barata.
- Não era não, era um grilo – respondi.
- Renato. Era uma barata.
- Um grilo – insisti, como aqueles doentes que percebem que têm uma doença mortal mas preferem a negação.
- Era uma barata.
- E agora?
- Tens de a matar porque senão reproduz-se.
- Em quanto tempo?
(olhares dramáticos):
- Zero segundos.
Estratégia adoptada depois de uma rápida troca de ideias: vou colocar comida no centro da sala, desligar as luzes, e armar-me com um sapato de sola rija, um spray anti-insectos e uma coragem de guerreiro.
Desejem-se sorte na minha demandada.
sábado, 2 de julho de 2011
Samora 21
sexta-feira, 1 de julho de 2011
Samora 20
Gomez era coleccionador de pessoas. O que fazia na verdade era sair para a rua com a máquina fotográfica a tiracolo e fotografar uma pessoa por dia. Uma só e mais nenhuma. Andava por vezes durante horas, e só tirava uma fotografia. Com ela captava a sombra, a face, a silhueta ou a postura de uma pessoa, escolhida a dedo com todo o cuidado. Essa escolha não obedecia a critério algum, apenas o da sua intuição. Isto, todos os dias. É fazer as contas, e multiplicar trezentos e tal, para retirar uns feriados e umas férias e umas folgas voluntárias, pelos vinte e cinco anos de extenuante actividade como coleccionador. Foi nessa data do seu vigésimo quinto aniversário que Gomez abriu as portas da sua casa e me convidou para assistir à exposição dos retratos. Levei Samora, que se arrastou com poucos modos e considerável sacrifício.
- Que pavorosa construção – declarou quando chegámos à casa - Que assustadora gravata – murmurou depois de cumprimentar Gomez que nos recebeu à entrada - Que inacreditável acto de voyerismo – observava as fotografias de todos os anónimos – E repare na admirável incompetência técnica. Enquadramentos desequilibrados, total falta de sensibilidade para a plasticidade da fotografia, ignorância dos fundamentos mais básicos da exposição e focagem manuais. Este indivíduo apresenta-se como fotógrafo?
Esclareci que só o fazia nos seus tempos livres. Na verdade era historiador.
- Ainda pior! – exclamou Samora, mas imobilizou-se de frente a um retrato e empalideceu. Espreitei. Na fotografia reconheci Sara, enorme, ligeiramente inclinada para a frente numa paragem de autocarro, com os dedos alongados dentro dos fartos cabelos negros à medida que os penteava.
- Que vem a ser isto? – bufou Samora – Chame-me o Gomez imediatamente. Gomez! – gritou – Gomez!
Os outros convidados olharam em volta, incomodados. Gomez atravessou o corredor com um sorriso amarelo. A sua postura era a do anfitrião comedido mas amável. Samora, vermelho, limpava o suor com o lenço e gesticulava com a outra mão. Para o retrato, para Gomez. Algumas barbaridades. Procurei puxá-lo para a porta de saída, resistiu-me, declarei que o vinho lhe subira à cabeça e os convidados fingiram acreditar e regressaram aos retratos. Gomez, com o seu sorriso parvo, suando e ajeitando nervosamente o laço.
- Era Sara naquele retrato – rosnou-me já no exterior. Isso explicaria tudo.
Deduzi que para Samora a mera captação da imagem de Sara era uma aproximação desautorizada e demasiado íntima. Fixar assim a sua imagem na película era agarrá-la para depois a pôr a revelar e inserir no meio de todos os outros retratos. Mais do que a fotografia de Sara por si mesma, estava no seu contexto, misturada no meio de todas as outras pessoas, a principal fonte de irritação para Samora. Era como que uma ofensa; e pior ainda, vim a perceber mais tarde e por outras razões, uma forma de aproximar Sara, a Deusa, do resto dos mortais humanos, e confirmá-la como apenas mais uma mulher, aliás vulgaríssima quando comparada com todas as outras. Mais do que não admitir tamanha hipótese, Samora temia confrontar-se com ela.