sexta-feira, 1 de julho de 2011

Reflexão sobre os anúncios de cerveja

Uma das características básicas de qualquer anúncio deve ser, se bem entendo, estabelecer a relação entre o produto e o potencial comprador. O anúncio deve ser-lhe apelativo, pois só assim o potencial comprador vira comprador a sério. Por isso os anúncios familiares utilizam aquele arquétipo familiar: pai de gravata, mãe de blusa de andar por casa, a lavar a louça, o puto pequeno, a miúda mais velha mas só ligeiramente, e um ou outro representante dos avós (os dois é exagerado, normalmente há só um avô todo barbudo e querido ou uma avó, no caso dos anúncios das fraldas para a incontinência). Esta família parece simpática e suficientemente típica. O espectador identifica-se. É tão genérico que funciona para qualquer família. Nos anúncios de cerveja é diferente. O anúncio de cerveja vai aos jovens, que toda a gente sabe serem consumidores de cerveja porque tem de ser; e muita. Mas os jovens são retratados não como pessoa de bom gosto, que bebem cerveja moderadamente e que conseguem equilibrá-la com uma vida saudável. Nos anúncios de cerveja, os jovens são universitários idiotas, babados e rodeados por mulheres de seios largos e decotes pronunciados que lhes oferecem garrafas geladas e dizem piadas como “a nossa loira”. São jovens sempre com um sorriso parvo nos lábios, semelhante ao de um bebé quando recebe uma chupeta. Mas os anúncios resultam. Nunca mudam. As cervejas vendem-se. Os jovens portugueses identificam-se com este retrato, ou então é o retrato que se identifica com eles.

1 comentário:

Anónimo disse...

"Anuncios de cerveja *portugueses*"
Cerveja portuguesa é ranço, de todas as maneiras discutíveis.

http://www.youtube.com/watch?v=U_0sO42F-fQ