Estava eu a dormir tranquilamente quando o telemóvel começou
a tocar. Atendi: era o Mark.
- Estou, Renato?
Sempre odiei a forma como pronunciava “runâutô”.
- Sou eu, sim. Qué que queres? Estava a dormir.
- Ouve-me.
E começou a chorar. Disse-me que estava à espera da minha
prenda de casamento, que ainda não tinha chegado à Califórnia. “Fogo”, pensei eu,
levantando-me da cama com um salto. Esquecera-me completamente de pôr o vaso de
porcelana no correio. E agora?
- Mas a coisa não chegou aí?
- Qual coisa? – fungou o Mark.
- Comprei-te um vaso de porcelana lindíssimo – disse eu, a
olhar para o embrulho em cima da mesa da sala – Sacanas dos gajos do correio!
- Nunca pensei que a minha amizade significasse tão pouco
para ti – disse-me ele, toda ofendida.
- Eu compenso-te, pá. Dá-me uns segundos.
Pousei o telemóvel, fui até ao Facebook e criei uma página dedicada ao Trajectória Aleatória. Mandei-lhe o link por e-mail. Voltei ao
telemóvel.
- Ora vai lá ao teu e-mail.
Ele foi e voltou.
- Eia, oh Renato. A sério. Que honra! Obrigado! Obrigado!
- Tem calma, pronto. Vá, beijinhos à Priscila.
- Priscila, o Renato manda-te beijinhos! - pausa - Ela manda-te um beijinho também.
- Vá, adeusinho.
Desliguei e fui dormir.
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