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Sabes, elevador, em Física aprendi sobre um conceito chamada “caminho
percorrido” – disse o filósofo ao elevador. O elevador, que nunca tinha sido
interpelado antes, alinhou os cabos para melhor ouvir o filósofo.
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Imagina um carro. O carro está no ponto A. Ele vai até ao ponto B, que é a dez
quilómetros de distância. Porém, não descreve uma linha recta entre os dois
pontos. Ele anda aos ziguezagues. O carro chega ao ponto B achando que
percorreu uma enorme distância, por causa de todas as curvas, mas bem vistas as
coisas moveu-se apenas aqueles dez quilómetros que separam os dois pontos.
O
elevador continuou a subir, expectante. Que significava tudo aquilo?
-
Ora, pus-me a pensar, elevador – continuou o filósofo – que se o ponto A e o
ponto B fossem o mesmo (chamemos-lhe ponto C) isto é, se não houvesse distância
nenhuma entre eles, e se o carro abandonasse o ponto C, percorresse vários
quilómetros e depois regressasse ao mesmo sítio, diz-nos a física que o caminho
percorrido pelo carro seria zero.
O
elevador abrandou a marcha.
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Pus-me a pensar nas implicações deste fenómeno e fui fazer umas perguntas ao
teu responsável – prosseguiu o filósofo – e ele informou-me que todas as
noites, findados os trabalhos no prédio, tu e todos os outros elevadores
regressam ao rés-do-chão para serem desligados, a fim de não desperdiçarem energia.
O
elevador chegou ao andar que o filósofo lhe pedira mas não abriu logo as
portas.
- Depois
de um dia inteiro de subidas e descidas, regressam sempre ao mesmo ponto. O
vosso caminho percorrido é zero.
O
elevador abriu devagar as portas, pensativo. O filósofo saiu, desejando boas
tardes.
O
elevador já não obedeceu à chamada que lhe fizeram a seguir; largou-se em queda
livre e veio espatifar-se na cave.
Quando
quis descer o filósofo teve de usar as escadas.
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