terça-feira, 3 de agosto de 2010

Procura-se o cérebro de Isabel Alçada

A senhora foi professora toda a vida, dirigiu o Plano Nacional de Leitura, e, principalmente, foi uma das mentes por detrás da série “Uma Aventura”. Tem currículo, a meu ver, para ser uma digna Ministra da Educação; mas às vezes sai-se com umas que me deixam arrepiado.


A ministra da Educação, Isabel Alçada, quer acabar com os chumbos. Em entrevista ao jornal «Expresso», Isabel Alçada diz que os chumbos são caros e «quase nunca são benéficos» em termos de aprendizagem.

«As crianças repetem o ano e essa repetição quase nunca é benéfica em termos de evolução da aprendizagem», disse a ministra na entrevista divulgada este sábado.


O chumbo deveria acontecer quando o aluno não obteve conhecimentos suficientes para poder avançar da sua educação, e teria (numa utopia) o resultado de permitir ao aluno obter esses conhecimentos deixados para trás; ora, isto quase nunca acontece. A solução não seria trabalhar com as escolas e professores para criar algum tipo de programa que estimulasse os repetentes a conseguir melhores notas? Ao que parece, a nossa Ministra prefere uma abordagem mais “Que se lixe, fica caro e quase nunca funciona!”.

Porque é que alguém como a Isabel Alçada, que parecia uma professora sensível aos problemas da educação em Portugal, pode sequer sugerir tal coisa?


De acordo com dados avançados pelo jornal, citando números oficiosos, os chumbos custam cerca de 600 milhões de euros por ano. Em vários países nórdicos, quase não se registam chumbos. As retenções rondam o 1 por cento nesses países e, quando acontece, é quase sempre por ausências prolongadas


Qual a melhor forma de acabar com os 600 milhões de euros por ano? Trabalhar para melhorar a qualidade do ensino de forma a garantir que (como nos já místicos e muitas vezes citados países nórdicos) mais e mais alunos transitam de ano? Não. Vamos fazer com que toda a gente transite de ano automaticamente!

Consequência principal? O Estado pouca milhões de anos o que, toda a gente sabe, é a grande prioridade em tempo de crise. Consequência secundária e nada importante? Gerações inteiras de crianças mal preparadas e sem os conhecimentos que deveriam ter transitarão de ano em ano como a Heidi a saltitar pelos Alpes. Será, se isto for para a frente, possível chegar ao fim da escolaridade obrigatória sem sequer saber ler; e assim saímos vitoriosos do combate ao chumbo, uma vez que o chumbo deixa de existir. Brilhante a ideia de Isabel Alçada!

Claro que isto nunca irá para a frente; consigo já ouvir o afiar das lâminas das FENPROF’s e, em geral, de todas as pessoas neste país que possuem um cérebro funcional; mas se a Ministra acha que acabar com as reprovações é uma excelente ideia, trata-se do mais óbvio pronuncio de destruição.

Está decidido: quando tiver um filho levo-o para a Suécia.


http://www.tvi24.iol.pt/politica/alcada-isabel-alcada-ministra-educacao-chumbos-tvi24/1181630-4072.html

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