Vou expressar-me através de uma daquelas generalizações ao estilo “só neste país”. Só neste país, portanto, é que as pessoas podem dizer que “foi feita justiça” só porque alguém foi condenado, independentemente de quem se trata e porquê; da mesma forma que sempre que há um caso em que o arguido saia em liberdade é sinal inequívoco de que há qualquer coisa errada com o julgamento. A opinião pública molda-se assim: a definição de justiça a funcionar é uma série de condenações. Uma justiça que absolva pessoas é aborrecida, e com certeza se alguém vai a julgamento é para ir parar à prisão e não para ter a oportunidade de provar a sua inocência.
Por alguma razão, a opinião pública acha que o único critério para uma justiça que funciona é a condenação automática de uma data de gente, e assim a confiança das pessoas nos tribunais é proporcional à quantidade de casos que acabam em condenações. E alguém que seja absolvido, independentemente de o merecer ou não, é imediatamente mal tratado por toda a gente, porque com certeza será um malandro.
Pergunto: não será possível uma condenação ser mesmo injusta? Não será possível que seja feita justiça “verdadeira” quando alguém que não é culpado é absolvido?
Eu preferia justiça com letra maiúscula, onde não importa se há condenações ou não: o importante é que essas condenações sejam merecidas.
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