terça-feira, 21 de junho de 2011

Samora 11


A primeira vez que dormi com Sara foi na cama de Samora. Tinha ido a Paris visitar um colega que estava doente, e deixara-me a chave do seu estúdio.
- Vá até lá, continue o nosso trabalho – instruiu-me antes de partir – E se Sara aparecer dê-lhe um estalo. Ela que se vá embora. Não a quero lá, conto consigo.
Nessa altura odiava-a, já não me recordo bem porquê. Samora tinha como tradição odiar as pessoas que amava com regularidade, penso que com o intuito de nunca se deixar levar demasiado pelas emoções. A ela dava-lhe gozo tê-lo na mão daquela forma, aquela estátua de saber e de dignidade chorando às quatro da manhã por uma mulher de borracha e seios largos. 

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