quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Momento de Poesia: "Jeribéria Entristecida"

Jeribéria, entristecida
Relembrando antigamentes
À janela se debruça
Enquanto palita os dentes

Feijoada e coca cola
Ao almoço consumidas
Breve pausa, recordando
Duas tristes despedidas

Jeribéria despediu-se
De dois homens bem roliços
Um de forte barba rija
Outro de dentes postiços

O primeiro a conheceu
Muito nova e inocente
Girassóis e pôr-do-sol
Num Verão sem precedente

Eram novos os petizes
Jeribéria e seu amado
Entre beijos e carícias
Logo chegou o noivado

Jeribéria e seu noivo
Em completa felicidade
Fazem malas e aviam-se
Direitinhos para a cidade

Mal sabiam os pombinhos
Que sem aviso prévio
Desceria sobre o noivo
Um enorme sacrilégio

O segundo a conheceu
Numa festa alargada
Onde Jeribéria, aos tombos
Saltitava enfrascada

Debruçados sobre a cama
E com gritos de prazer
Assim passou Jeribéria
Uns momentos de lazer

Uma noite num hotel
Imensamente a abalou
Jeribéria bem bebida
O marido encornou

Assustou-se de repente
Tremendo num suspiro
Seu marido entrou no quarto
Espumando enraivecido

De vários nomes Jeribéria
Foi chamada nessa noite
E o marido lhe aplicou
Nas bochechas um açoite

O amante, apavorado
Desculpou-se sem vergonha
Enfiando-se apressado
No interior de uma fronha

De nada lhe valeu
A moldável almofada
Quando o marido traído
Lhe aplicou uma estalada

O amante sem sentidos
Vai de encontro ao mini bar
Encolhida Jeribéria
Num canto a choramingar

O marido enraivecido
Com um punho ensanguentado
Mostra um dedo a Jeribéria
E vira-se pró outro lado

Desde essa noite negra
De céu escuro e trovoada
Jeribéria está sozinha
Na cidade povoada

Perdeu um, perdeu o outro
Duas fortes despedidas
Jeribéria soma idade
E maminhas descaídas

Que futuro, Jeribéria?
Para ti abandonada?
Pelo menos tendes isso:
Nunca serás encornada.

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