Jeribéria, entristecida
Relembrando antigamentes
À janela se debruça
Enquanto palita os dentes
Feijoada e coca cola
Ao almoço consumidas
Breve pausa, recordando
Duas tristes despedidas
Jeribéria despediu-se
De dois homens bem roliços
Um de forte barba rija
Outro de dentes postiços
O primeiro a conheceu
Muito nova e inocente
Girassóis e pôr-do-sol
Num Verão sem precedente
Eram novos os petizes
Jeribéria e seu amado
Entre beijos e carícias
Logo chegou o noivado
Jeribéria e seu noivo
Em completa felicidade
Fazem malas e aviam-se
Direitinhos para a cidade
Mal sabiam os pombinhos
Que sem aviso prévio
Desceria sobre o noivo
Um enorme sacrilégio
O segundo a conheceu
Numa festa alargada
Onde Jeribéria, aos tombos
Saltitava enfrascada
Debruçados sobre a cama
E com gritos de prazer
Assim passou Jeribéria
Uns momentos de lazer
Uma noite num hotel
Imensamente a abalou
Jeribéria bem bebida
O marido encornou
Assustou-se de repente
Tremendo num suspiro
Seu marido entrou no quarto
Espumando enraivecido
De vários nomes Jeribéria
Foi chamada nessa noite
E o marido lhe aplicou
Nas bochechas um açoite
O amante, apavorado
Desculpou-se sem vergonha
Enfiando-se apressado
No interior de uma fronha
De nada lhe valeu
A moldável almofada
Quando o marido traído
Lhe aplicou uma estalada
O amante sem sentidos
Vai de encontro ao mini bar
Encolhida Jeribéria
Num canto a choramingar
O marido enraivecido
Com um punho ensanguentado
Mostra um dedo a Jeribéria
E vira-se pró outro lado
Desde essa noite negra
De céu escuro e trovoada
Jeribéria está sozinha
Na cidade povoada
Perdeu um, perdeu o outro
Duas fortes despedidas
Jeribéria soma idade
E maminhas descaídas
Que futuro, Jeribéria?
Para ti abandonada?
Pelo menos tendes isso:
Nunca serás encornada.
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