quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Momento de Poesia: "Valsa do Abandonado"

Se parasses pra pensar um pouco
Talvez chegasses à conclusão a que eu cheguei também
Naquele dia em que te foste embora

Concluí ali sozinho
Sentado no meio do chão da nossa casa
Que agora é minha casa
Porque foste

Concluí, dizia eu
Sentado no meio do chão
Que se algum dia regressares e me estenderes a mão
Aqui estarei mais uma vez e outra e outra
Sem demora, nunca me irei embora

E quando me estenderes a mão vou agarrá-la com força
Porque sinto a tua falta como nem imaginas
Vou puxá-la para mim, colá-la à minha cara
Pra sentires o ar que sai de dentro do meu peito
Que vem quente cá pra fora porque dentro do meu peito
O meu coração ainda bate por ti

De seguida a tua mão vou encostá-la aos meus lábios
E beijá-la com carinho para que nunca esqueças
Que te amo e que um dia te tentei beijar assim
Mas tu fugiste, foste embora com aquele teu amigo

E por último, sem medos, sem vergonhas
Porque o tempo pra duvidar já passou
Ferro os dentes com força nos teus dedinhos carinhosos
E arranco-os à dentada
Posso até perder os dentes, os caninos, os molares
Mas afinco-os na tua carne doce e sumarenta
Vou-tos arrancar assim, mastigando sem parar
Do mindinho ao polegar

E aí, meu grande amor, tu saberás
Que provocares aquela dor cá dentro do meu peito
Nunca, mas nunca o deverias ter feito

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